Xango Ayrà

Xango Ayrà
Kaô Kabiecilê!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

NAÇÃO KETO

O termo candomblé designa vários ritos com diferentes ênfases culturais, aos quais os seguidores dão o nome de "nações" (Lima, 1984). Basicamente, as culturas africanas que foram as principais fontes culturais para as atuais "nações" de candomblé vieram da área cultural banto (onde hoje estão os países da Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique) e da região sudanesa do Golfo da Guiné, que contribuiu com os iorubás e os ewê-fons, circunscritos principalmente aos atuais territórios da Nigéria e Benin. Mas estas origens na verdade se interpenetram tanto no Brasil como na origem africana.
Na chamada nação Keto, na Bahia, predomina os orixás e ritos de iniciação de origem iorubá. Quando se fala em candomblé, geralmente a referência é o candomblé Keto e seus antigos terreiros são os mais conhecidos: a Casa Branca do Engenho Velho e duas casas derivadas da Casa Branca, o Axé Opô Afonjá e o Gantois; além do candomblé do Alaketo. O candomblé Keto tem tido grande influência sobre outras "nações", que têm incorporado muitas de suas prática rituais. Sua língua ritual deriva do iorubá, mas o significado das palavras e a sintaxe em grande parte se perderam através do tempo. Além do keto, as seguintes "nações" também são do tronco iorubá (ou nagô, como os povos iorubanos são também denominados): efã e ijexá na Bahia, nagô ou eba em Pernambuco, oió-ijexá ou batuque de nação no Rio Grande do Sul, mina-nagô no Maranhão, e a quase extinta "nação" xambá de Alagoas e Pernambuco.
Mais recentemente, quando o candomblé (de origem baiana, nação Keto) já se encontrava espalhado por todos os grandes centros urbanos, tendo já, inclusive, iniciado sua propagação por países do Cone Sul e também da Europa, iniciou-se um movimento de recuperação de raízes africanas conhecido como "africanização", que rejeita o sincretismo católico, procura reaprender o iorubá como língua original e tenta reintroduzir ritos que se perderam ao longo do tempo e redescobrir os mitos esquecidos dos orixás.

A importância dos mitos no Candomblé
O culto dos orixás remonta de muitos séculos, talvez sendo um dos mais antigos cultos religiosos de toda história da humanidade.
O objetivo principal deste culto é o equilíbrio entre o ser humano e a divindade aí chamada de orixá.
A religião de orixá tem por base ensinamentos que são passados de geração a geração de forma oral.
Basicamente este culto está assim organizado:
1o Olorun - Senhor Supremo ou Deus Todo Poderoso
2o Olodumare - Senhor do Destino
3o Orunmilá - Divindade da Sabedoria (Senhor do Oráculo de Ifá)
4o Orixá - Divindade de Comunicação entre Olodumare e os homens, também chamado de elegun, onde a palavra elegun quer dizer "aquele que pode ser possuído pelo Orixá"
5o Egungun - Espíritos dos Ancestrais
Os mitos são muito importantes no culto dos orixás, pois é através deles que encontramos explicações plausíveis para determinados ritos.
Sem estas estórias, lendas ou ìtans seria difícil ter respostas a sérios enigmas, como o envolvimento entre a vida do ser humano e do próprio orixá.

Erê
Todo orixá está ligado a um Exu ou Pombo-gira assim como a um Erê.
A palavra Erê vem do yorubá iré que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão siré que significa "fazer brincadeiras".
O Erê (não confundir com criança que em yorubá é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do Orixá, ou seja, o Erê é o intermediário entre o iniciado e o orixá.
Durante o ritual de iniciação, o Erê é de suma importância, pois, é o Erê que muitas das vezes trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado. O Erê na verdade é a inconsciência do novo elégun, pois o Erê é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão.
O Erê conhece todas as preocupações do iyawo, também, aí chamado de omon-tú ou "criança-nova". O comportamento do iniciado em estado de "Erê" é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade, que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá. Após o ritual do orukó, ou seja, "nome de iyawo" segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas.

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